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5.8.20

[SÉRIE SB] ESTADO ZERO :: NETFLIX

Estado Zero
Ano: 2020
Gênero: Drama
Diretor: Jocelyn Moorhouse, Emma Freeman
Nacionalidade: Austrália
Elenco: Yvonne Strechowski, Fayssal Bazzil, Cate Blanchett
Sinopse: Quatro completos desconhecidos se encontram num centro de detenção de imigrantes, situado no meio do deserto australiano. Uma aeromoça fugindo de um culto de autoajuda; um refugiado afegão que, junto de sua esposa e suas filhas, busca melhores condições de vida; um pai de família abalado por seu trabalho violento; e uma burocrata envolvida num escândalo nacional. Todos se tornam vítimas de um cruel sistema de imigração e precisam enfrentar diferentes obstáculos para sobreviver.
 
Estado Zero é uma minissérie australiana da Netflix, produzida por Cate Blanchett, e onde a mesma faz uma ponta atuando como uma personagem secundária. O drama tão esperado pela plataforma, traz uma reflexão sobre a realidade da imigração, e nos leva pra essa história baseada em fatos reais, mirando em quatro principais personagens de diferentes lados de uma mesma problemática.


Yvonne Strahovski, a Serena da série The Handmaid's Tale, faz um excelente trabalho como Sofie Werner, uma aeromoça australiana com problemas familiares, que participa de uma organização autoajuda altamente duvidosa, e com métodos estranhos, que acaba transformando a personagem, e lhe traumatizando após um abuso sexual cometido por um dos líderes do culto. Transtornada e com claros problemas psicológicos, Sofie decide fugir e assume uma identidade falsa de uma cidadã alemã pra tentar sair da Austrália. A mesma acaba sendo impedida, e é levada para o Centro de Detenção Baxter, administrado pela empresa KORVO, é nesse centro onde se passa todo o enredo principal.

Também acompanhamos a história de Ameer, um afeganistão que luta para fugir de seu país com suas duas filhas e esposa, por conta da ditatura do Talibã. O mesmo sofre traições, enganos e violência até conseguir chegar a fronteira da Austrália, onde é preso e levado ao Centro de detenção junto com mais dezenas de famílias refugiadas que esperam um visto pra viver no país. Esse lugar onde os refugiados vivem é bem longe de ser um hotel bem recepcionado, nele vivenciamos a dor de presos que estão lá há anos devido a negligencia do Departamento de Migração australiana, vivendo um futuro incerto e com poucas expectativas de conseguir se legalizar no país.

A minissérie além de criticar as políticas de migração e o racismo sofrido por esses orientais, também mostra a realidade daqueles que trabalham no Departamento. 
Claire Kowitz é uma das encarregadas de supervisionar o local, e controlar as entrevistas dos refugiados que buscam receber um visto. A mesma também vive um constante dilema emocional devido a pressão de seus superiores de bloquear as notícias e denúncias da impressa sobre o departamento, muitas vezes gastando mais energia numa guerra contra a mídia do que fazendo o trabalho de acolher essas famílias.  

Cam Sandford também é um dos guardas da KORVO, que em busca de uma melhor condição financeira para sua família, decide trabalhar na segurança dentro da detenção, e ao se deparar com o sistema falho e violento do lugar, acaba tendo que tomar decisões que vão contra sua ética. O que reflete na sua saúde e no relacionamento com sua família, principalmente com sua irmã, que é uma das ativistas responsáveis por denunciar o descaso que esses detentos sofrem pelas autoridades.

Com uma narrativa tensa, a série mesmo em poucos seis episódios consegue trazer outros ângulos e diversas histórias que nos insere nesse contexto delicado da imigração. Mesmo que em primeira mão a trama seja focada no drama da personagem Sofie; de longe, a dor das famílias e o racismo que as mesmas sofrem por serem comparados a terroristas e criminosos, é o que mais nos prende a assistir. A minissérie também mostra, mesmo que de forma sútil, como o testemunho de Sofie, uma cidadã branca e australiana é única forma de fazer com que a população e os jornais abram os olhos para o sistema injusto e problemático vivido nesses lugares de detenção. 

A crítica se torna ainda mais extensa quando nos damos conta de ser não só uma obra de ficção, mas baseado em pessoas reais, e que esses mesmos presídios ainda continuam de pé até hoje, abrigando  centenas de pessoas esquecidas, lutando em busca de liberdade. Com um olhar humanizado e atuações tocantes, a série é uma importante indicação para que possamos ter uma ideia mais empática de outras realidades e conflitos distantes de nós.



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