Em
Águas Sombrias
Autora: Paula Hawkins
Editora: Record
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Páginas: 360
Nos dias que antecederam sua morte, Nel ligou para a irmã. Jules não atendeu o telefone e simplesmente ignorou seu apelo por ajuda. Agora Nel está morta. Dizem que ela se suicidou. E Jules foi obrigada a voltar ao único lugar do qual achou que havia escapado para sempre para cuidar da filha adolescente que a irmã deixou para trás. Mas Jules está com medo. Com um medo visceral. De seu passado há muito enterrado, da velha Casa do Moinho, de saber que Nel jamais teria se jogado para a morte. E, acima de tudo, ela está com medo do rio, e do trecho que todos chamam de Poço dos Afogamentos…
“Cuidado com superfícies muito calmas,
nunca se sabe o que pode haver debaixo delas”. Essa é uma frase que define a
nova história de Paula Hawkins, uma autora recém-chegada ao meio literário que
já arrebatou milhares de fãs, inclusive eu. Seu novo livro, “Em Águas
Sombrias”, relata histórias paralelas de personagens aparentemente ligadas
a algum elo, e, por meio de quebra-cabeças, o livro vai ganhando forma e nos
apresentando o que há de mais insano na mente humana.
Temos a personagem Jules, uma mulher de
quase quarenta anos cuja irmã mais nova acaba de morrer. Causa: suicídio. A
falecida, Nel, uma mulher que fora misteriosa até o último dia de sua morte,
era considerada altamente curiosa e parecia ter participação com algum tipo de
seita. Ela estava trabalhando num livro antes de morrer, intitulado “O Poço dos
Afogamentos”, onde relatava suicídios de outras mulheres.
O que é engraçado é que todas essas
mulheres tinham um destino comum: o rio que corta o vilarejo de Backford. Antes
de Nel, Katie, uma adolescente, também tivera o mesmo fim, 2 meses atrás. Agora
Jules está de volta ao local que sempre detestara, o pequeno vilarejo, com a
responsabilidade de cuidar de sua sobrinha, uma garota sem modos, muito
idêntica à falecida irmã.
Em meio a tudo isso, vários pontos de
vistas são dispostos a fim de nos tragar para a vida de cada personagem. Ao
longo da leitura é possível perceber que todos possuíam fortes ligações com Nel
e que a detestavam. Jules, que está disposta a provar para todos que sua irmã
não se matou, começa, então, a desenterrar segredos do vilarejo, tendo que se
lembrar de um passado sombrio para ela. Só assim será possível saber o que, de
fato, aconteceu com sua irmã e com as outras suicidas do rio.
Eu não esperava muito desse livro, tenho
que admitir. Tanto pela crítica de vlogs que acompanho quanto pelo fato de eu
acreditar que, quando um autor faz muito sucesso com seu primeiro livro, os
demais não causam tanta emoção. Resultado: me enganei.
“Em Águas Sombrias” é um livro
estranhamente inovador, com personagens demais e histórias demais. É bem
desenvolvido, tendo o presente como base, mas o passado como foco. Eu não gosto
muito de livros que ficam voltando ao passado o tempo todo, mas Paula conseguiu
me agradar. Primeiro que o início do livro é uma maré de dúvidas e você precisa
de respostas, então ela te entrega muito lentamente, o que é bom. Um livro
cheio de informações repentinamente é exaustivo.
O passado, então, ganha destaque.
Precisamos saber o que houve com Nel, o que houve com Katie e o que houve com
as demais mulheres suicidas. A presença de uma aura sobrenatural no livro (como
bruxaria e suicídios sem explicações) é palpável, mas não conseguimos dizer se
é ou não real, e isso me motivou ainda mais a ler. Diferentemente de “A Garotano Trem”, que possui poucos plot-twist e uma narrativa mais concreta, correndo
para um final imaginável, a nova obra de Paula é uma corrida com vários
obstáculos, sendo cada um um plot-twist animal. Às vezes isso me causou confusão,
porque, quando você reúne as peças do quebra-cabeça e diz “bom, então é isso”,
a autora vem com um balde de água fria e diz “pera aí, não é tão simples assim”.
O desenvolvimento dos personagens é o
ponto forte do livro. Embora muitos personagens ilustrem todo o livro, cada um tem
suas particularidades e sua vida, incrivelmente bem comentada e imaginada.
Esses personagens são inesquecíveis, ainda mais pelo fato de todos estarem
interligados de alguma forma. Ou seja, temos aqui um clássico daqui a uns 50
anos, quem sabe.
Enfim, se você procura por thrillers de
qualidade, acho que Paula Hawkins pode te dar uma aula. Dá para ver que a autora ainda
está no começo, sua escrita é de quem está começando (mesmo sendo tão
persuasiva e intimidante), mas se essa mulher continuar nesse caminho, talvez
se torne a Agatha Christie da atualidade.
Resenhado por
Saullo Brenner
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