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7.8.17

[Resenha] Extemporâneo :: Alexey Dodsworth

Extemporâneo
Autor: Alexey Dodsworth
Editora: Presságio
Páginas: 232
Skoob | Goodreads | Amazon
Uma pessoa acorda e descobre que está presa no tempo, embora nem no espaço e nem na identidade. Todos os dias ela desperta no dia 14 de janeiro de 2015, mas não nas mesmas condições. A cada despertar, a pessoa descobre que ocupa um corpo diferente, com um sexo diferente, uma etnia distinta, em um novo país. Uma nova pessoa, em uma nova realidade. Universos alternativos com variações imensas.
Mas a pessoa nunca sabe quem ela é, ou como se meteu nessa situação. Lembra-se apenas de quem foi no dia anterior. Ao longo do dia, na medida em que o tempo passa, as lembranças de quem ela é vão se organizando. A antiga identidade é esquecida, pouco a pouco. Em todos os casos, ela tem apenas até a meia-noite para descobrir quem ou o quê está causando alterações no mundo. Sua única pista: uma cachoeira conhecida pelo nome de Lethes.
Acordar todo dia, como uma pessoa diferente, mas preso ao mesmo dia, 14 de janeiro de 2015. Ter que se acostumar com isso, só para dormir e acordar em outra vida, fazendo tudo novamente, um loop que parece não ter fim. Nosso (ou nossa?) protagonista, a princípio, está acostumado com isso, mas pular de uma vida a outra não é fácil, o processo deixa suas marcas. 
Não vou começar dizendo "era uma vez", eu não tenho esse direito. No meu caso, é sempre a mesma droga de vez. 
Extemporâneo, enviado pela editora parceira Presságio, fez minha felicidade na última semana. Fui pega totalmente de surpresa. Junto com o livro, foram enviados objetos relacionados ao enredo que enriquecem a compreensão do universo e proporcionam maior imersão no livro.

Começamos sendo George Becker. Sim, nós, porque é impossível ler toda a luta do(a) protagonista em sua transição de ser-o-alguém-de-ontem para o ser-alguém-de-hoje sem se colocar de modo muito natural em seu lugar. Afinal, todas suas descobertas também são nossas descobertas. George Becker é brasileiro, cidadão de Hy-Brasil, um Brasil nazista. Ah, eu já disse que aqui existem universos diferentes? Talvez - e eu não tenho certeza - apenas uma das histórias se passem no mundo tal como conhecemos, o resto, tudo invenção da magnífica criatividade de Alexey Dodsworth. George é apaixonado por Júlia, o que significa que nós somos apaixonados por Júlia. 

Júlia é uma personagem para se manter em mente, é o apego de George a ela que motiva o(a) protagonista a fazer alguma coisa sobre o loop em que vive. E não é que dá certo? A história se desenrola basicamente assim: o(a) protagonista levando suas lembranças de uma vida a outra e tentando fazer alguma coisa com isso. 
Fiquei um tanto limitada, como o(a) protagonista, com a falta de informações. É claro, é assim que tinha que ser. Quando começamos a conectar os fatos e criar justificativas para tudo aquilo, Alexey acrescenta uma vida que nos faz duvidar de tudo. É aí que o livro me pegou de jeito, não há padrões, não há explicação para tudo, mas há uma saída.

O fim não foi como eu esperava, e por isso, foi melhor. De maneira resumida, Extemporâneo é um livro de ficção científica para quem não tem preguiça de usar a imaginação.


Alexey Dodsworth têm mais dois outros livros de ficção (Dezoito de Escorpião e O Esplendor) que foram imediatamente adicionados a minha lista de leitura. Para quem quer experimentar uma literatura fantástica brasileira moderna, o livro está altamente recomendado.
Alguns detalhes não-tão-importantes:

Há vários errinhos no livro, até um capítulo inteiro repetido que eu passei uns 10 minutos procurando qual era a diferença. O livro vale a pena, de qualquer jeito.
Escrito por: 
Layane Machado

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