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25.2.20

[Resenha] O Tatuador de Auschwitz :: Heather Morris


O Tatuador de Auschwitz
Autor: Heather Morris
Editora: Planeta
Páginas: 285
Nesse romance histórico, um testemunho da coragem daqueles que ousaram enfrentar o sistema da Alemanha nazista, o leitor será conduzido pelos horrores vividos dentro dos campos de concentração da Alemanha nazista e verá que o amor não pode ser limitado por muros e cercas. Lale Sokolov e Gita Fuhrmannova, dois judeus eslovacos, se conheceram em um dos mais terríveis lugares que a humanidade já viu: o campo de concentração e extermínio de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. No campo, Lale foi incumbido de tatuar os números de série dos prisioneiros que chegavam, trazidos pelos nazistas – literalmente marcando na pele das vítimas o que se tornaria um grande símbolo do Holocausto.Nesse ambiente, feito para destruir tudo o que nele tocasse, Lale e Gita viveram um amor proibido, permitindo-se viver mesmo sabendo que a morte era iminente.

Essa obra traz mais um relato histórico dos horrores dos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, com pano de fundo para um dos piores cenários da humanidade: os campos de concentração nazistas. E mesmo que essa temática já seja muito conhecida e explorada em várias obras, filmes e documentários históricos; este livro nos leva mais uma vez a refletir como foi estar na pele daqueles que viveram nas mãos de uma sociedade desalmada pela Guerra, pelo ódio e o racismo. 

Mas diferente do esperado também, nessa história em especial podemos encontrar uma faísca de esperança e um novo olhar sobre a vida.

Acompanhamos nessa trama, baseada em fatos reais, a história de Lale Sokolov, um judeu eslovaco e testemunha real de um dos maiores campos de trabalho da história, o Campo de Auschwitz. Lale parte de sua casa na Eslováquia em direção à Polônia, obrigado a trabalhar para os alemães, e esperando poder salvar sua família do mesmo destino. A reação de Lale ao chegar no local é de terror ao ver tantos extermínios humanos; mas por um acaso da vida, Lale consegue com a ajuda de um amigo uma posição privilegiada no campo, o de tatuador dos prisioneiros.

Tatuando numerações de centenas de prisioneiros que chegam ao Auschwitz como ele, Lale consegue se livrar das dificuldades do trabalho pesado e consegue maiores porções de comida. Com conhecimento de várias línguas, Lale consegue se tornar útil para os soldados alemães; e seu chefe, o oficial Baretski, o aceita para o emprego de tatuador. Lale se dispõe a distribuir comida entre os prisioneiros, trocando diamantes e peças preciosas encontradas no campo por suprimentos; e tentando ao máximo usar de seus poucos privilégios para ajudar outros judeus.

Um desses judeus é Gita Fuhrmannova, uma jovem prisioneira que Lale tatua ao chegar em Auschwitz, e ao vê-la pela primeira vez não consegue mais esquecê-la, dando inicio a um proibido romance entre os dois.


"Mas no olhar dela há como que uma dança. Lale a olha no fundo dos olhos e é como se o seu coração parasse e, ao mesmo tempo, batesse pela primeira vez, com muita força, tanta que ameaça saltar-lhe do peito."

Lale encontra formas de se comunicar com Gita mesmo estando em alas diferentes. E conseguindo trocar curtas cartas com sua amada, os dois aos poucos vão se envolvendo apaixonadamente. Mesmo sabendo os riscos de descobrirem a relação dos dois, eles não desistem e continuam se encontrando e sonhando um dia poder sair juntos dali. Porém a horrenda realidade ao redor, torna as probabilidades de sair vivo daquele lugar cada vez mais longe de acontecer. Lale e Gita enfrentam as dores do luto e assistem seus amigos passarem por cruéis repressões, vendo a fome e as doenças a cada dia levando mais pessoas. Sem conseguir entender a razão de tanto ódio, os dois lutam para se agarrar um ao outro, tentando não sucumbir a realidade dura de se viver na pele de um judeu.

"Nações ameaçam outras nações. Elas tem o poder, elas tem as forças armadas. Como uma raça espalhada em múltiplos países pode ser considerada uma ameaça? Por mais que ele viva, seja pouco ou muito, ele sabe que nunca compreenderá aquilo."

Com Gita trabalhando para a administração dos soldados alemães e Lale como tatuador, os dois ainda precisam conviver com os dilemas de suas posições. Tentando ao máximo provar aos outros companheiros que não estão colaborando com seus repressores. Ao mesmo tempo que são prisioneiros dos nazistas, sofrem por serem impotentes em ajudar seus semelhantes, tendo de aceitar funções que não desejam pra tentar sobreviver em meio a tudo isso. Mesmo diante disso, os dois se mostram exemplos fortes e determinados que lutam pra viver em circunstâncias que não podem controlar; como Lale apresenta em suas próprias palavras:

"Escolher viver é um ato de rebeldia, uma forma de heroísmo."

Nos fazendo torcer por um final de redenção e superação ao fim de tudo isso, a autora do livro nos entrega em meio a um cenário de dor e angustia, versos de esperança, e uma genuína, sensível e resiliente história de amor; que nos ajuda a acreditar na bondade e ainda ter fé na humanidade. Com certeza, podemos dizer que é essa uma história com personagens reais, que nos faz refletir sobre a vida; e nos entrega lições de força e resistência. Enfim, sem dúvidas, um relato que vale a pena  ser conferido em meio a tantas histórias dolorosas.

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