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30.10.15

[Resenha] Auto da Compadecida :: Ariano Suassuna

Auto da compadecida
Autora: Ariano Suassuna
Editora: Agir
Páginas: 186
O "Auto da Compadecida" consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".
João Grilho e Chicó são amigos há muito tempo, há tanto tempo que eles já se conhecem bem o suficiente para Chicó saber quando João Grilho vai aprontar alguma, e ele está prestes a fazer isso e não vai prestar.

Chicó tem que convencer o padre a enterrar o cachorro da mulher do padeiro, mas como fazer um padre enterrar um cachorro? Que homem santo faria isso? Segundo João, um que pensa que está enterrando o cachorro de alguém importante e com muito dinheiro, afinal cachorro de rico é sempre mais importante que cachorro de pobre e se até o motor do Major ele benzeu com certeza vai benzer o cachorro que supostamente é dele, pois se é o cachorro do amigo dele é quase como se fosse o cachorro dele não?

O que João não contava era que o Major aparece pouco depois pedindo para benzer o filho que está doente... Ih, agora a confusão está montada, Chicó quer fugir, mas João não vai deixar, ele tem um plano e uma vingança para pôr em prática...

Mas Severino e seus cangaceiros vem vindo para a cidade, e logo logo todos se encontraram. O que restará depois disso?



O livro tem a narração típica das peças, afinal ele é uma, uma das mais famosas do Brasil e a mais famosa de Ariano Suassuna.

Composta dentro do Movimento Armorial, que tinha como intuito ressaltar a cultura brasileira e dignificar o sertão como sendo a melhor parte do país, transformando a obra em um clássico da nossa Literatura. E como tal, tem que ser lida com toda uma bagagem ou pelo menos um conhecimento prévio do quão importante ela é, de que a obra tem a pretensão de abrir seus olhos para inúmeras críticas sociais e morais, e não apenas lhe divertir e fazer sorrir.
"Não sei, só sei que é assim Chicó..."
Claro que você não precisa ler como quem lê um livro teórico e ficar tentando desvendar o que cada parágrafo diz, mas é bom ter um olhar mais atento e julgador, pois nunca que você lerá O auto da Compadecida e somente se divertirá, um bom exemplo disso foi quando eu assisti pela primeira vez o filme baseado na obra - que por mim é muito recomendado por sua fidelidade -, eu não sabia de nenhum desses fatores condicionantes e nem mesmo que se tratava de uma adaptação de um clássico, porém ao fim do filme eu sabia o quão grande havia sido o tapa na cara de alguns setores da sociedade.

Assim, fecho a resenha dizendo que não tem uma indicação fechada para este livro, acho que ele é válido para qualquer um, não que eu ache que crianças devam ou possam lê-lo - elas não teriam condições para entender a complexidade dos significados por trás das palavras -, mas isso também depende do quão madura é a criança, resumindo, ler este livro é uma experiência crítica da sociedade com boas doses de sarcasmo e boas risadas com personagens típicos do sertão nordestino e muitas peripécias que lhe fará pensar "Esse cabra é arrisco mesmo!".

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5 comentários

  1. Nossa, faz muito tempo que li esse livro, acho que foi a primeira peça de teatro que eu li, e gostei. Na verdade, achei de uma grande genialidade, especialmente por conta do humor. O filme também não fica atrás, ótimos atores! Hoje não me lembro de detalhes da história e nem tenho mais o livro, mas certamente seria um que eu gostaria de reler em algum momento da vida. Ah, gostei bastante dessa capa, não tinha visto ainda - minha edição acho que era da L&PM, a capa era bem básica.

    Beijinhos, Livro Lab

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  4. Parece realmente uma ótima leitura, o filme já é ótimo, o livro deve ser fantástico.
    Resenha muito boa, lí duas vezes
    . .
    >·<

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