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10.11.16

[Resenha] Boa noite :: Pam Gonçalves

Boa noite
Autora: Pam Gonçalves
Editora: Galera Record
Páginas: 240
Alina quer deixar seu passado para trás. Boa aluna, boa filha, boa menina. Não que tudo isso seja ruim, mas também não faz dela a mais popular da escola. Agora, na universidade, ela quer finalmente ser legal, pertencer, começar de novo. O curso de Engenharia da Computação - em uma turma repleta de garotos que não acreditam que mulheres podem entender de números -, a vida em uma república e novos amigos parecem oferecer tudo que Alina quer. Ela só não contava que os desafios estariam muito além da sua vida social. Quando Alina decide deixar de vez o rótulo de nerd esquisitona para trás, tudo se complica. Além de festas, bebida e azaração, uma página de fofocas é criada na internet, e mensagens sobre abusos e drogas começam a pipocar. Alina não tinha como prever que seria tragada para o meio de tudo aquilo nem que teria a chance de fazer alguma diferença. De uma hora para outra, parece que o que ela mais quer é voltar para casa.
Aos dezoito anos de idade, Alina sai de sua cidade natal para cursar Engenharia de Computação em Pedra Azul. Ela quer deixar tudo para trás, principalmente os esteriótipos de "boa menina" e "nerd da turma", que eram associados a ela quando morava em Laguna, sua antiga cidade.

Porém assim que as aulas começam, Alina percebe que não vai ser tão fácil construir a imagem que ela queria e se livrar de esteriótipos, já que ela e as outras três mulheres da turma são discriminadas apenas por serem mulheres cursando engenharia. E o que tem de errado nisso, afinal, já que ela tem a mesma capacidade que todos os outros alunos? Infelizmente, os professores e colegas de Alina não concordam, e o preconceito diário disfarçado de piadinhas (ou até mesmo diretamente) a atinge todos os dias.

Após ingressar na República das Loucuras, Alina se torna intimamente ligada às pessoas que convivem com ela em sua nova casa - Gustavo, Talita, Bernardo, e principalmente: Manu, que faz questão de levá-la em todas as festas, e logo Alina se vê diante da vida agitada e popular que tanto desejava... mas não por muito tempo.

Alina terá que lidar com um blog de fofocas maldosas, com uma nova droga com o intuito de fragilizar e abusar sexualmente de universitárias, com o preconceito sofrido em sala de aula, um possível relacionamento, o quanto as mulheres são menosprezadas e forçadas a fazer o que não querem, um projeto de aplicativo para ajudar as milhares de mulheres que estão sujeitas ao assédio... É muita coisa pra desenvolver bem em 240 páginas, certo? Errado!

A autora desenvolveu o livro muito bem; sempre tocando em assuntos delicados, mas de forma sutil e envolvente. Cultura do estupro, abuso sexual, diferença entre gêneros, e principalmente, a forma como tudo isso é acobertado por grandes instituições. É um livro de ficção, mas tudo que é falado pela Pam é real, e muito presente na vida das mulheres.
"Várias garotas sofrem abuso sexual todos os dias na nossa universidade, na nossa cidade, no nosso estado, no nosso país, no mundo inteiro. E a maioria não denuncia e nem pede ajuda. (...) Sabem por quê? Porque a maioria vai ser culpada por vocês. Por nós. Porque, para a nossa sociedade, é normal assediar. Porque, se ela não quisesse, não sairia de roupa curta. Porque, se ela não quisesse, não andaria sozinha. Porque, se ela não quisesse, não estaria bebendo. Porque, se ela não quisesse, não estaria VIVENDO."
Mesmo que seja apenas uma história, a autora conseguiu passar um recado muito importante, e muito necessário, que, apesar de tudo, não tem a visibilidade que merece. Recomendo esse livro para QUALQUER PESSOA, e deixo vocês com a nota final da Pam (cujo parabenizo pelo ótimo trabalho):
"Este livro é para todas as meninas, garotas e mulheres. Não deixem que digam que não são capazes, vocês podem ser o que e quem quiserem." 

comentários pelo facebook:

Um comentário

  1. Oi, Ana! Estou com uma vontade imensa de ler o livro da Pam e tirar minhas próprias conclusões sobre sua narrativa. Além do mais, sei exatamente como é ser uma das poucas gurias de uma turma na faculdade.
    Abraço! Leitora Encantada

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